O governo de Santa Catarina lançou nesta terça-feira (8), em Florianópolis, o Programa de Prevenção ao Assédio Sexual no Ambiente de Trabalho. A iniciativa é liderada pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e tem apoio das secretarias de Administração, Assistência Social, Mulher e Família, Comunicação e da Polícia Civil.
De acordo com o controlador-geral do Estado, Marcio Cassol, a CGE está agindo de forma preventiva com o objetivo de orientar e conscientizar o servidor. A iniciativa tem apoio das secretarias de Administração, Assistência Social, Mulher e Família, Comunicação e da Polícia Civil estadual.
A vice-governadora Marilisa Bohen, que atuou como delegada de polícia por 27 anos, destacou a importância do evento. “É muito importante que a gente tenha noção sobre o que é assédio. Esse é um dos crimes que eu, enquanto delegada de polícia ao longo de 27 anos, não conseguia que a mulher fizesse. As mulheres vinham na delegacia, mas na hora da confecção do BO por medo, vergonha ou pelo risco de serem desacreditadas, desistiam”, disse Marilisa .
Em seguida a psicóloga Rafaela Trevisan, servidora da Diretoria da Saúde da Secretaria de Estado da Administração destacou que há 10 anos vem acompanhando o tema e recomendou a consulta ao Manual de Saúde do Servidor, o trabalho em questões envolvendo autoconhecimento e busca por uma comunicação assertiva. “O objetivo do manual é trazer formas de instrumentalizar as equipes a fim de combater o assédio por meio rodas de conversas, capacitação sobre administração de conflitos, que é um tema recorrente nas instituições”, enfatizou. Ela recomendou ainda que se amplie a capacitação das equipes de ouvidores, cipas e equipes de saúde de todos os órgãos.
A servidora da Polícia Científica, Larissa Costa Jorge, apresentou o projeto Não se Cale e destacou que as mulheres são 39% do contingente da PCI. “O assédio representa uma forma de violência que compromete o ambiente de trabalho”, assinalou.
Na sequência, o psicólogo Daniel Fauth Martins destacou que é importante conceituar as práticas . “Violência é toda a prática de controle”, disse. Daniel trabalhar com grupos de homens autores de violência. O psicólogo ressaltou que a prática do assédio que está no limiar, algo que vem de uma educação para exercer poder e controle sobre o outro. O psicólogo recomendou ainda que é preciso tirar o sentido da violência. “Para que a pessoa entenda que não faz sentido.” Ele concluiu sua fala que se faça uma escuta institucional a cerca do tema. “Ouvir homens, ouvir homens, ouvir mulheres por que tem impactos na saúde organizacional – menos adoecimento, gente vivendo melhor.”
A Polícia Civil de Sanat Catarina esteve representada pela delegeda Eliane Chaves e pelo delegado Gustavo Kremer. Titular da DPCAMI de Araranguá, a delega Eliane Claves falou sobre crimes sexuais no ambiente de trabalho – reconhecer e combater. “Estou muito orgulhosa de saber que o governo do estado está atento a este tipo de crime. Pois como disse a vice-governadora, delegada Marilisa, este é um crime difícil de se trabalhar porque muitas vezes as mulheres preferem não denunciar e esse evento vai abrir muitas portas. Ela destacou que o tema assédio sexual é aceito quando se trata de uma fala abstrata. “Mas quando nos deparamos com casos práticos o comportamento é sempre mais refratário – as pessoas tendem a resistir e não atuar”, disse.
Eliane Chaves defendeu que é preciso ficar íntimo das palavras. “Quando uma palavra passa a fazer parte do nosso cotidiano, como exemplo, bullying, homofobia, é mais fácil admitir que aquela conduta exista. A partir do momento em que o termo foi criado e passou a ser falado todos nós conhecemos o que é a prática”, reforçou.
A titular da DPCAMI de Araranguá destacou ainda algumas condutas mais comuns que configuram assédio sexual como insinuações explícitas ou veladas; gestos e palavras escritas; conversas indesejadas sobre sexo; chantagem para ter promoção; ameaça ou represália para permanecer ou mudar de emprego, entre outras. Na conclusão de sua fala, Eliane recomendou para que as vítimas rompam o silêncio. “A vergonha é do assediador.”
No encerramento o delegado Gustavo Kremer apresentou o Projeto Papo de Homem para Homem, desenvolvido no âmbito das DPCAMIs da Polícia Civil. Ele chamou quatro pessoas que participaram do evento para discutir o tema. Paulão elogiou a iniciativa e disse que sua referência é a mãe e que a sociedade não pode se calar sobre esse assunto. “Hoje vivencio muito forte o tema para evitar que os casos de assédio envolvendo os atletas. Inclusive, na Fesporte, já discutimos o assunto porque no universo do esporte existe muita brincadeira, mas essa brincadeira não pode passar do limite.”