Na noite desta terça-feira (02), a Ordem catarinense realizou um evento significativo sobre a representatividade das mulheres nos três poderes, com o tema “Desafios e Avanços e o Enfrentamento à Violência Doméstica”. O evento, realizado no auditório da Seccional, contou com a presença de diversas autoridades e lideranças do Estado.
A presidente da OAB/SC, Cláudia Prudêncio, conduziu e mediou o encontro, que contou com a palestra da vice-governadora do Estado de Santa Catarina, Marilisa Boehm, representando o Poder Executivo; da desembargadora do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Hildemar Meneguzzi de Carvalho, representando o Poder Judiciário; e a ex-deputada estadual, Ada de Luca, representando o Poder Legislativo.
O evento, de extrema importância, buscou entender e combater o grave problema social da violência doméstica que afeta muitas mulheres em Santa Catarina. A discussão sobre esses temas permitiu a apresentação de dados atualizados, revelando tanto os progressos quanto os obstáculos ainda existentes na luta contra a violência doméstica. Em Santa Catarina, iniciativas e políticas públicas têm sido implementadas para proteger as vítimas e punir os agressores, mas os desafios permanecem.
“O meu propósito é deixar um legado, um legado de gestão, um legado para que tantas outras mulheres tenham orgulho de uma mulher à frente da nossa instituição. Nós precisamos nos orgulhar umas das outras, apoiar umas às outras. E este é o grande propósito, propósito de mulheres em cargos de gestão. Nós mulheres precisamos sair do discurso, precisamos ajudar tantas outras mulheres. Eventos como este, que reúnem mulheres e com um tema tão sensível, como a violência doméstica, são cruciais para compartilhar informações, promover a troca de experiências e fortalecer a rede de apoio às mulheres. A violência doméstica é uma realidade que, infelizmente, ainda atinge muitas mulheres em nosso Estado”, salientou a presidente da OAB/SC, Cláudia Prudêncio.
“Quando eu era delegada, recebemos uma denúncia de que um senhor estaria aliciando cinco crianças menores de idade. Ele abordava essas crianças no terminal rodoviário. Eram crianças muito pobres e ele as atraía com sanduíches, balinhas, docinhos e estava molestando sexualmente essas crianças. Iniciamos uma investigação. Lembro até que minha mãe tinha umas perucas em casa e as emprestou para que pudéssemos nos disfarçar no terminal de ônibus e identificá-lo. Fomos então ao centro da cidade atrás desse cidadão. Conseguimos fazer uma campana e segui-lo”, disse a vice-governadora do Estado de Santa Catarina, Marilisa Boehm.
“O índice este ano começou com 4,6% e já passou para 6,3% de mulheres mortas por mês em Santa Catarina. Isso é muito triste. Eu não gosto de falar de violência. Incito as pessoas a trabalharem preventivamente, porque nossos programas devem focar na prevenção, não nas consequências”, comentou a desembargadora do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Hildemar Meneguzzi de Carvalho.
“O processo de enfrentamento à violência de gênero está em vigor desde abril do ano passado, com uma lei que garante o funcionamento 24 horas das delegacias, que não devem nunca fechar. Isso é algo que precisa ser urgentemente resolvido,” salientou a ex-deputada estadual, Ada de Luca.
É com grande honra que nos reunimos hoje, na presença das representantes dos três poderes, executivo, legislativo e judiciário, e da nossa presidente da OAB, para um diálogo essencial sobre a representatividade das mulheres nesses três poderes, os desafios e avanços, e o enfrentamento à violência doméstica. A subrepresentação das mulheres em cargos de liderança continua sendo uma realidade significativa. É muito difícil romper o teto de vidro e alcançar posições de liderança. Por isso, estamos aqui com essas pessoas tão gabaritadas, que conseguiram conquistar altos cargos e romper esse teto de vidro. Este evento nos oferece a oportunidade única de ouvir as experiências dessas mulheres inspiradoras” disse a presidente da Comissão de Combate à Violência Doméstica e do Direito da Vítima da OAB/SC, Denise Almeida Marcon.
“Eu digo a vocês que a violência não tem grau de instrução, não tem classe social. Sempre que venho à tribuna, fico emocionada, porque há pouco tempo uma colega advogada teve a vida ceifada. Lembramos desse momento com muita dor no coração e reforçamos a necessidade de nos unirmos, fazermos mais. Nossa Caixa de Assistência, o sistema como um todo, busca trazer cada vez mais benefícios e ter um olhar acolhedor, um olhar que faz a diferença na vida da mulher advogada,” comentou a vice-presidente da CAASC, Herta de Souza.
Com carga horária para o certificado de 3 horas, ele estará disponível no site da OAB/SC a partir de 15 dias úteis após esta terça-feira.