Antonietas NSC > Feminicídio pôs fim a vida de uma mulher a cada semana em SC em 2025

25 de novembro de 2025

Dia internacional pela eliminação da violência contra as mulheres é celebrado nesta terça-feira (25), uma data que busca conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres.

Os dados do Observatório da Violência Contra Mulher apontam que, até outubro de 2025, 38 mulheres foram mortas em razão de gênero no Estado. Até o dia 24 de novembro, segundo a Polícia Civil, outras nove foram vítimas de feminicídio. Segundo a presidente da Comissão Nacional de Combate à Violência Doméstica da OAB Nacional, Tammy Fortunato, Santa Catarina está no top 10 entre os estados que mais mata mulheres por serem mulheres em contexto de violência doméstica. 

— Se nós fôssemos observar os números de 2024, que estão lá no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram 196 tentativas de feminicídio e 51 consumados em Santa Catarina. São números que assustam e assustam bastante. Ele tentou matar, ele não conseguiu, mas ele tentou — diz Tammy.

A maioria dos casos de feminicídios em 2025, segundo Observatório da Violência Contra Mulher, foi cometido pelo companheiro (11) ou marido da vítima (8). Outros casos envolvem ex-companheiros (6), namorados (5) e ex-namorados (2). Do total, 22 agressores estão presos, 10 cometeram suicídio e outros seis são considerados foragidos. A maioria dos crimes foi cometido por arma branca (19), seguido por arma de fogo (8) e agressão física (3). 

A prisão dos autores de feminicídio é necessária, mas, segundo especialistas, não basta. Para Chimelly Marcon promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra as Mulheres (NEAVID), é preciso aumentar o trabalho na base da sociedade, principalmente nas escolas 

Sexismo, misoginia, cultura de controle. Tudo isso estrutura a violência que hoje perpassa a existência das mulheres e onde ela encontra um terreno fértil para se expressar também na forma do feminicídio. Como enfrentamos esse quadro que é estrutural? Com políticas também estruturais. Com política pública consistentes em educação, campanhas de sensibilização, informação e responsabilização adequadas desses agressores — explica a promotora.

Morte de Catarina impulsiona debate sobre feminicídio em SC

O caso de Catarina, entretanto, vai na contramão das estatísticas de feminicídio no Estado. Isso porque a estudante foi assassinada na Trilha da Praia do Matadeiro, no Sul de Florianópolis, por um homem que não a conhecia. 

— Importante a gente esclarecer para a população que a lei do feminicídio define duas situações: o feminicídio praticado na situação de violência domestica e familiar, que temos a Maria da Penha que define quais são as situações, e o feminicídio com menosprezo ou discriminação na condição da mulher, quando não há o vínculo íntimo de afeto. A Polícia Civil tem desde 2021 um curso específico para que os policiais civis identifiquem os dois tipos de situação — destaca a delegada Patrícia Zimmermann, atual coordenadora das Delegacias de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso em Santa Catarina (DPCAMI) de Santa Catarina.

O crime foi registrado na última sexta-feira (21), quando Catarina saiu de casa para uma aula de natação. Por volta de 12h do mesmo dia, o companheiro da vítima recebeu uma mensagem informado que os pertences dela foram encontrados na trilha da Praia do Matadeiro.

Dia internacional pela eliminação da violência contra as mulheres 

A data de 25 de novembro é marcada como o Dia Internacional de Luta pelo Fim da Violência contra a mulher. Ela foi escolhida para lembrar as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana. Em março de 1999, o 25 de novembro foi reconhecido pelas Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. 

Desde 20 de novembro, o Brasil faz a campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, que busca conscientizar a população sobre os diferentes tipos de agressão contra meninas e mulheres em todo o mundo. Trata-se de uma mobilização anual, empreendida por diversos atores da sociedade civil e do poder público.

A campanha ocorre até 10 de dezembro.

Saiba Mais